Introdução: Estudos investigaram características populacionais como o sexo feminino na análise de métodos fisiológicos invasivos. Alguns relataram diferenças entre homens e mulheres, como maior fluxo coronariano epicárdico e maiores valores de FFR, com menor taxa de revascularização em mulheres quando guiadas por FFR, demonstrando resultados clínicos comparáveis independentemente do sexo. No entanto, nenhum estudo abordou as diferenças entre os sexos na população latino-americana. Objetivo(s):Este estudo teve como objetivo avaliar a taxa de eventos cardíacos adversos maiores (ECAM; soma das taxas de morte, infarto do miocárdio e revascularização) de acordo com estratégias intervencionistas guiadas por métodos fisiológicos invasivos em ambos os sexos em uma população latino-americana durante acompanhamento de longo prazo com uma média de dois anos. Métodos: Este estudo retrospectivo e unicêntrico incluiu 151 pacientes consecutivos (232 lesões) entre janeiro de 2018 e janeiro de 2022. Os participantes foram divididos em dois grupos: o grupo feminino (GF), composto por 59 pacientes com 88 lesões, e o grupo masculino (GM), compreendendo 92 pacientes com 144 lesões (Figura 1). Resultados: O GF apresentou maior média de idade (GF: 67,96 ± 13,12 vs. GM: 62,36 ± 12,01 anos, p=0,009) e menor depuração média de creatinina (GF: 79,35 ± 38,63 vs. GM: 92,02 ± 38,62 mL/min, p= 0,02) do que o MG. A porcentagem de lesões no tronco da coronária esquerda foi maior no GF do que no GM (12,5% vs. 2,78%, p=0,006). O tempo médio de seguimento foi maior no GM do que no GF (795,61 ± 350 vs. 619,19 ± 318 dias, respectivamente; p=0,001). Os ECAM ocorreram em 11,86% e 13,04% (12) dos pacientes no GF e MG, respectivamente (p=0,850). Desfechos secundários, como morte, reinfarto e necessidade de nova revascularização, não mostraram diferenças significativas entre os sexos. As variáveis foram ajustadas para sexo, idade, diabetes mellitus, angina instável, insuficiência renal crônica, infarto do miocárdio prévio e disfunção ventricular esquerda significativa por meio do modelo de regressão logística multivariada, e nenhuma foi considerada variável potencialmente confundidora. O tempo médio de seguimento foi maior no GM do que no GF (619,19 ± 318 vs. 795,61 ± 350 dias, respectivamente; p=0,001. As taxas de perda de seguimento foram de 8,4% e 7,6% no GF e MG, respectivamente (p=0,859). Durante o período de acompanhamento (média: 2 anos), os desfechos primários foram 11,86% e 13,04% no GF e MG, respectivamente (p=0,850). A análise de sobrevida com curva de Kaplan-Meier e log-rank p da taxa de mortalidade e MACE em ambos os grupos são mostradas na Figura 2. Conclusão: Nosso estudo demonstrou a segurança de métodos fisiológicos invasivos para determinar a revascularização coronariana em pacientes do sexo masculino e feminino em uma população brasileira, como evidenciado pelas baixas taxas de eventos cardíacos adversos e morte após seguimento de longo prazo.
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